Fotos: Dárcio de Jesus

Telefone: convênios e laboratórios têm equipes que checam se os inscritos nos programas, como Teixeira, seguem a orientação médica

Empresas, laboratórios e planos de saúde estão de olhos mais abertos para os portadores de doenças crônicas, como hipertensão. Como nem sempre a relação médico-paciente é suficiente para garantir que o tratamento seja seguido à risca, eles criaram serviços – em geral com centrais telefônicas – que permitem monitorar a distância o estado de saúde das pessoas, facilitando o trabalho do especialista e ajudando o doente a conviver com o problema.

Uma dessas companhias é a AxisMed, que terceiriza para as administradoras de convênios médicos o monitoramento de pacientes crônicos. Em 2004, uma pesquisa feita pela empresa revelou que o número de internações, em uma contratada, caiu 67% de um ano para o outro devido ao programa. Uma central telefônica com 25 enfermeiras faz o acompanhamento. Elas ligam periodicamente para saber se a medicação está sendo seguida e se a alimentação está correta. Oferece também visitas ao doente para avaliar os indicadores de saúde (pressão arterial, taxa de açúcar no sangue ou glicemia, entre outros). Em 2000, o economista Roberto Teixeira, 51 anos, teve uma ameaça de infarto. No final de 2003, ele passou a ser monitorado. “Todo mês me perguntam como estou. A cada quatro meses, uma enfermeira verifica minha pressão, mede os batimentos cardíacos e confere a minha dieta. Fico mais tranquilo. Afinal, sei que tenho um bom suporte”, diz.

Na operadora de plano de saúde Omint, os associados podem participar do Programa de Gerenciamento de Casos Crônicos (dois médicos, 11 enfermeiras, cinco fisioterapeutas, três fonoaudiólogos, dois terapeutas ocupacionais e um assistente social). A companhia fechou parceria com professores das universidades de São Paulo (USP) e da Federal de São Paulo para desenvolver um serviço de monitoramento específico para diversas doenças. Um exemplo é o atendimento a diabéticos. “A pessoa recebe um formulário que preenche diariamente em casa, no qual a principal informação é o nível de açúcar no sangue. Uma enfermeira verifica a evolução dessa taxa”, conta Caio Soares, gerente da área de medicina preventiva.

Cuidados desse tipo também são oferecidos por alguns laboratórios farmacêuticos. A Pfizer dispõe do Sistema Integrado Pfizer Médico-Paciente, que tem 26 enfermeiras para acompanhar os pacientes (45 mil atualmente). O médico indica pessoas que consomem remédios de uso contínuo para fazer parte do programa, que visa combater o abandono de tratamento. Elas recebem telefonemas e folhetos educativos que esclarecem detalhes da terapia. “Um estudo nosso mostrou que 40% dos pacientes abandonam o tratamento de doenças crônicas. Deles, muitos são hipertensos”, observa o gerente de serviços a clientes Marcos Mendonça.

Outro laboratório com serviço de monitoramento é a Roche. O programa Xenicare atende quatro mil consumidores de Xenical (remédio para ajudar a emagrecer), todos indicados por médicos. Os profissionais da central ligam mensalmente para o cliente, anotam quantos quilos foram perdidos e respondem dúvidas. A corretora mato-grossense Sandra Sampaio, 57 anos, aprova o trabalho: “Estou no Xenicare há dois anos. Depois que passei a ser acompanhada, ficou mais fácil continuar no tratamento. Eles não me deixam desistir”, afirma. Sandra já emagreceu 15 quilos.

Portadores de males crônicos podem ainda recorrer a um serviço prestado pela empresa IDvida, especializada em softwares de saúde. Pagando uma taxa mensal de R$ 5, a pessoa tem acesso a um sistema consultado pela internet ou por telefone. No cadastro, informações como grupo sanguíneo e alergia a medicamentos ajudam paciente e médico a controlar melhor a doença. “Com esse programa, o especialista pode acessar dados importantes para receitar um remédio”, explica Denise Macedo, presidente do IDvida. Desse modo, consultas feitas em viagens, por exemplo, podem ser aprimoradas, já que as informações médicas são facilmente conferidas. Basta que o cliente forneça a senha do programa ao doutor para que ele obtenha o histórico do paciente. Simples assim.