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HABITAT
Guerreiro samburu mira o terreno irregular do Quênia, seu lar

 

Assim como algumas das mais belas e delicadas flores só nascem e crescem se estiverem cercadas por espinhos que as protejam, a espécie humana só vingou porque nossos primeiros antepassados buscaram refúgio em regiões marcadas por escarpas e montanhas, quase sempre próximas de vulcões e com alta incidência de terremotos. Na maior parte dos casos, tal cenário é encontrado nos pontos de encontro entre placas tectônicas, os gigantescos blocos que compõem o planeta Terra. Essa é a principal conclusão de duas décadas de pesquisas realizadas pelo arqueólogo Geoff Bailey, da Universidade de York (Inglaterra), e pelo pesquisador Geoffrey King, do Instituto de Física Terrestre de Paris (França).

Segundo estudo publicado na semana passada, os principais sítios arqueológicos do leste africano – região conhecida como “berço da humanidade” – repousam sobre o encontro de duas placas. Quando os pesquisadores projetaram os locais sobre o mapa geológico do continente, ficou evidente a preferência de nossos ancestrais pelas regiões mais ativas – exatamente 93% dos fósseis humanos encontrados na África enquadram-se nesse caso. O mesmo acontece em regiões da Grécia e da Península Arábica, duas das mais antigas regiões habitadas. “Movimentos tectônicos criaram e mantiveram paisagens propícias à ocupação”, afirma Bailey em seu estudo. Mas quais teriam sido os atrativos do terreno irregular?

Primeiro, a adaptação: ao descermos das árvores, era muito mais fácil caminhar entre pedras e montanhas do que em uma planície. Além disso, regiões com alternância de picos e vales são geralmente pontuadas por lagos nos quais a água potável da chuva é acumulada. Por último, uma paisagem cheia de cavernas e escarpas é naturalmente repleta de refúgios contra predadores como felinos e mamíferos de grande porte – que acabavam virando caça graças à inteligência humana, capaz de construir armadilhas naturais usando apenas as protuberâncias e reentrâncias do solo. Ponto para a evolução de nossos cérebros.

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