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ARTISTAS DE RUA
As quatro integrantes das Guerrilla Girls em
cartaz militante da Bienal de Veneza

 

Presente Futuro – Guerrilla Girls/ Oi Futuro, RJ/ até 14/11
Palestra no terreiro “Eu sou a rua”/ 29ª Bienal de São Paulo, dia 16/11
Palestra no SESC Pinheiros/ São Paulo, dia 19/11

Com o intuito de conscientizar o público sobre o papel da mulher na história da arte, mas também de protestar contra outros setores da sociedade que possuem participação minoritária feminina, as Guerrilla Girls começaram seu ativismo feminista na década de 1980, de forma peculiar: vestindo máscaras de gorilas e usando pseudônimos referentes às grandes mulheres artistas como Gertrude Stein, Anaïs Nin, etc. No Brasil para palestras e performances, Frida Kahlo, um dos membros fundadores do grupo, diz que seu ativismo hoje circula no universo digital: “Temos milhares de seguidores no Twitter e no Facebook”.

Vocês encaram seu trabalho como performático?
Preferimos pensar nosso trabalho mais como encontro cultural do que como performance. Essa é uma forma de resistir às imposições de consumo do mercado de arte. Sempre nos vimos como artistas de rua, começamos fazendo cartazes políticos e espalhando-os pela cidade de Nova York. Mas o público começou a ficar curioso e tivemos que pensar em um disfarce. Começamos como guerrilheiras, os gorilas vieram depois. De início foi uma ação tática e depois descobrimos que estrategicamente isso funcionava porque era ultrajante. Uma máscara de gorila no corpo de uma mulher é algo assustador e muitas pessoas tinham uma visão muito negativa do feminismo. É como se o feminismo estivesse associado à bestialidade. A ironia e o humor foram maneiras de mudar a ideia das pessoas sobre um assunto difícil ou sério.

Como vocês avaliam a presença feminina no mundo da arte hoje?
As coisas estão melhores para as mulheres e para os artistas de outras etnias nos Estados Unidos. Não se pode contar a história das artes visuais sem incluir as diferentes vozes que fazem parte dela. Mas nem sempre a prática corresponde à teoria. Se você olhar os museus e o mercado das artes, a presença das mulheres ainda é muito desigual. Elas não estão totalmente excluídas, mas não estão entre os artistas mais vendidos ou procurados. Suspeitamos que esse fato tem a ver com o mercado da arte ser controlado por uns poucos indivíduos.

E na arte brasileira?
Para nosso livro sobre a história da arte ocidental, pesquisamos a vida de Tarsila do Amaral. Mas ainda não sabemos o suficiente sobre a arte feita por mulheres brasileiras.