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Marina Abramovic: “Sou das poucas da minha geração
que continuaram atuando em performance”

 

Depois de passar três meses sentada em uma sala da exposição “The Artist is Present” (A artista está presente), encarando o público de frente no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), Marina Abramovic expõe em São Paulo vídeos, fotografias e objetos usados em performances.

A performance contemporânea mudou muito em relação ao seu surgimento nos anos 70?
Sim. Sofreu uma mudança cultural e tecnológica muito grande. Nos anos 1970, tínhamos uma forte influência da arte conceitual e nos anos 1980 esse tipo de arte sofreu um estresse por uma pressão do mercado da arte. Muitos a abandonaram para fazer uma arte mais “tradicional”. Eu sou uma das poucas da minha geração que continuaram atuando dentro dessa área. A performance, ao contrário da fotografia e do vídeo, só entrou para o circuito dos grandes museus recentemente. O MoMA e o Guggenheim são dois exemplos, ocorridos há pouco tempo, de espaços que tiveram mostras dedicadas à performance. A performance está se tornando uma arte “mainstream”.

Em que medida vivemos uma “sociedade da performance”?
Com o avanço das tecnologias, as pessoas têm um interesse pelo voyeurismo intensificado. É como se estivéssemos sempre olhando uns aos outros, e a televisão também teve um papel nisso. Sim, vivemos uma sociedade performativa nesse sentido.

Como foi sua relação direta com o grande público no MoMA?
Foi uma experiência que mudou a minha vida. Por causa desse trabalho cheguei à conclusão de que a simplicidade é um dos elementos mais importantes dentro da arte. Esse trabalho é um dos mais coesos e simples que fiz, são apenas duas cadeiras e eu. Foi um momento de reflexão muito grande. Além do mais, acho que foi uma das minhas performances que mais envolveram a participação do público.

A arte da performance sobreviverá ao corpo, através de reencenações e de documentações?
De certa forma isso já acontece. Temos, por exemplo, artistas performáticos que trabalham apenas em ambientes virtuais. Eu, inclusive, concedi permissão para esses artistas reencenarem minhas performances dentro do Second Life. Mas a experiência do corpo em sua essência vai continuar, apesar de ela ganhar novos elementos como, por exemplo, as novas tecnologias.

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