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ELAS POR ELAS
Paola Oliveira, Letícia Spiller, Elisabeth Porfoll, Maria Fernanda Cândido,
Vera Fischer e Bruna Spinola gravitam em torno do psicólogo vivido por Melamed

 

Luiz Fernando Carvalho é considerado um diretor “sofisticado”. Suas minisséries, entre elas “Hoje é Dia de Maria” e “Os Maias”, fogem dos padrões populares das tevês. Se, por um lado, ele eleva a qualidade do que é exibido na rede aberta, por outro, nem sempre navega em boas audiências. Agora, Carvalho aposta em um tema mais abrangente em seu retorno às séries globais com “Afinal, o que Querem as Mulheres?”, título inspirado numa pergunta formulada pelo fundador da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939). Carvalho assina a ideia original. O roteiro foi desenvolvido por um time de três profissionais, liderado pelo escritor pop João Paulo Cuenca. Os outros dois são Cecília Giannetti e Michel Melamed – ator que também protagoniza a história. O programa tem um tom de comédia, uma novidade no currículo de Carvalho. Seria uma tentativa de aproximação com o público médio? O diretor responde: “Estou propondo um descolamento em relação a mim mesmo. A narrativa mais leve que uso é resultado de uma reflexão sobre as relações humanas e os clichês. Infelizmente, o espectador médio vem sofrendo um achatamento há décadas.” Para ele, a falta de acesso à cultura acaba tornando as pessoas “presas fáceis para os programas mais apelativos”. E se posiciona: “Diante da dimensão que a tevê alcança no Brasil, tratá-la apenas como diversão me parece bastante contestável.”

A trama, claro, brinca com a indagação-título de Freud. Michel Melamed interpreta um doutorando em psicologia que lança um livro com os resultados de sua pesquisa sobre os desejos femininos. Nesse processo, perde a namorada (Paola Oliveira) e se envolve com diversas mulheres, como a “intelectual” vivida por Maria Fernanda Cândido. As referências cultas, tão características do trabalho do diretor, continuam presentes: vão da “Pop Art” de Andy Warhol às fotos de tons eróticos de David LaChapelle. O próprio Freud aparece por meiode animação, recurso também recorrente na obra de Carvalho. “A série tem, sim, uma pegada mais popular. Tivemos uma preocupação muito grande de não criar nenhum tipo de hermetismo, de fazer algo com que todo mundo pudesse se identificar”, diz Cuenca. Os episódios foram quase todos gravados em externas, fora de estúdios, especialmente no bairro de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro – o que conferiu um tom realista pouco comum às criações do diretor. “Os personagens são mais humanos. A linguagem usada, com seus diálogos curtos, remete à internet, em que as informações se atravessam”, disse Melamed. Com elenco de belas atrizes, que conta ainda com Letícia Spiller e Vera Fischer, a microssérie só não promete respostas para a pergunta-título – que, aliás, nem Freud explicou.


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