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AJUSTES Nos FINAIS laboratórios da UFRJ são testados os novos módulos do Maglev-Cobra

Quem já brincou com ímãs entende basicamente como se faz um trem de cerca de 20 toneladas flutuar sobre trilhos – polos opostos se atraem, polos iguais se repelem. É a partir desse mecanismo de funcionamento dos campos eletromagnéticos que se criou um dos mais engenhosos meios de transporte, o famoso trem Maglev, que já dá ares futuristas, por exemplo, à Alemanha e ao Japão. Ele agora existirá também no Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, onde fará um percurso ligando os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim – em sua versão na Cidade Maravilhosa, ele está sendo desenvolvido com olhos na tecnologia japonesa que já na década de 1970 testava os primeiros vagões flutuantes e se chamará Maglev-Cobra. Segundo os pesquisadores da Japan Railway Technical Research Institute, a "brincadeira" com os ímãs traduz de forma simples a própria propulsão eletromagnética. Passando-se da teoria à prática, o Maglev torna-se então o fenômeno que é, correndo a mais de 582 km/h, próximo à velocidade de um Boeing comercial. O Maglev-Cobra, no entanto, será menos veloz porque, diferentemente de outros países, estará instalado numa região essencialmente urbana: atingirá 70 quilômetros por hora. Nada mal para o engarrafado tráfego entre os aeroportos da cidade: de carro, hoje se demora em média 55 minutos. O trem gastará apenas 18.

A Secretaria Estadual de Transportes, em parceria com uma equipe de engenheiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), anunciou na semana passada que a viagem inaugural será em abril do ano que vem. "Modificamos a tecnologia para adequá-la às nossas especificidades de percurso. O Maglev-Cobra possuirá módulos e, como uma cobra, terá capacidade de entrar em curvas com risco zero para os passageiros", disse à ISTOÉ o engenheiro Richard Stephan, coordenador do projeto, que ao longo dos últimos dez anos estudou a estrutura do trem japonês e alemão.

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A tecnologia de ponta utilizada no Maglev carioca é à base de nitrogênio super-resfriado em cápsulas, e a sua proximidade com os trilhos magnetizados através de poderosos ímãs provoca o efeito de levitação. O primeiro desses módulos já foi testado nos laboratórios da UFRJ e suportou muito bem o peso de seis adultos.

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"Nós mesmos testamos. Levitamos por 100 metros", diz Stephan.

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O projeto é mais complexo. Além de ligar os dois aeroportos, a equipe de engenheiros pretende se valer do trem de levitação para fixar paradas na Ilha do Fundão, na Rodoviária Novo Rio, na Praça Mauá e Praça XV, fazendo conexão com o metrô da Cinelândia. "Temos de aproveitar esse transporte ao máximo, valorizar o investimento. O Rio de Janeiro experimentará uma forma nada estressante de cruzar a cidade", diz Stephan. Para as etapas de teste, o governo estadual vai investir mais R$ 4,7 milhões e, segundo a UFRJ, os cálculos apontam que a construção do sistema Maglev-Cobra, em relação ao metrô, é até três vezes mais viável eco nomicamente – enquanto a construção de um quilômetro de metrô no Rio de Janeiro custa em média R$ 100 milhões, o trem de levitação poderá ser implantado por cerca de R$ 33 milhões, ou seja, um terço do valor. Além disso, o seu perfil estreito permite que eventuais custos de túneis sejam muito menores. "O Rio de Janeiro será um modelo para o futuro da engenharia de transportes", diz Stephan.


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