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RAINHA Cleópatra representada como negra: agora se sabe que sua origem era a região norte da África

Pesquisadores da Academia Austríaca de Ciências analisaram na semana passada o crânio e demais partes do esqueleto de uma mulher que, estima-se, viveu há cerca de dois mil anos na Turquia. Existem duas fortes relevâncias arqueológicas e históricas desse estudo festejado pela comunidade científica. A primeira diz respeito ao fato de que essa ossada localizada numa tumba em Éfeso foi identificada como sendo de Arsinoe, irmã da lendária e sedutora Cleópatra (69 a. C. a 30 a. C.). A segunda é que a descoberta põe um ponto final num dos mais instigantes mistérios: qual é a origem de Cleópatra? Pois bem, a partir das conclusões tiradas sobre Arsinoe, os pesquisadores agora afirmam que Cleópatra, mulher que encantou e influenciou os destinos dos imperadores romanos Júlio César, Marco Antônio e Otávio Augusto, era africana – precisamente, do norte da África. Coordenador do estudo, o cientista austríaco Hilke Thuer qualificou a descoberta como “uma das mais significativas” dos últimos tempos. E acrescentou: “Finalmente temos novas informações sobre a família de Cleópatra e seus ascendentes.”

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Segundo o estudo, são sobretudo o formato e as dimensões do crânio de Arsinoe que indicam que ela possuía características físicas de africana – e, se essa é a sua ascendência, pela lógica também deve ser a de sua irmã. É certo que seu ancestral Ptolomeu, que se tornou governante do Egito por ordem de Alexandre, o Grande, complica um pouco a situação pelo fato de ele ser da Macedônia. Mas análises antropológicas e arquitetônicas da tumba acabaram convencendo os especialistas de que Cleópatra realmente descendeu de negros e não corria sangue de macedônios em suas veias. “Tudo indica que ela tinha o rosto em formato alongado, traço típico de africanos da Antiguidade. Cleópatra possuía genes da raça negra”, diz Thuer.

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A equipe de pesquisadores e historiadores, a partir daquilo (lenda ou não) que o tempo deixou registrado sobre Cleópatra, chegou a outra dedução – ou, talvez, ilação. Como ela maltratava as mulheres negras de seu séquito, chegando a experimentar nelas a força dos venenos dos quais se cercava, provavelmente renegava suas origens. Ela era culta e falava oito idiomas. No terreno da vaidade, costumava entregar-se a águas aromatizadas por plantas. Já nas negras, sangue de seu sangue, ela batia. Ou as matava. Falando-se em assassinato, também na semana passada ganhou força outra investigação histórica sobre Cleópatra. Arqueólogos acreditam que à época em que foi amante do general romano Marco Antônio, após a morte de Júlio César, ela ordenou que a irmã Arsinoe fosse morta para evitar uma futura disputa pelo trono egípcio. Ironicamente, é como se agora Arsinoe se vingasse através de sua milenar e carcomida ossada, revelando o fato do qual Cleópatra sempre se envergonhou: o de ser negra