Um boneco de látex pode não ser em si mesmo um psicanalista, um ouvinte, um companheiro ou um algoz. Mas, quando chamado de Sigmund Freud, assume a faceta que seu “paciente” quiser, podendo até ser submetido à tortura se os brios durante a consulta não forem controlados. Uma camiseta pode ser mais que uma simples peça de vestuário e levar quem a veste a caminhos surrealistas quando inspirada em Salvador Dalí. Também Miles Davis ou Romero Britto saem do pedestal de grandes artistas e emprestam seu valor a funções meramente decorativas quando pendurados. Mesmo aqueles que condenaram a industrialização da arte e lutaram para resguardar seu caráter exclusivo tiveram seu poder contestatório usado como arma mercadológica – como no sofisticado vaso de porcelana inspirado na série de Andy Warhol com Marylin Monroe. Para os consumidores, no entanto, esses objetos são mais que produtos: ajudam a expressar quem são ou quem gostariam de ser. Também a arte há muito confere valor a símbolos sobre os quais recai e o mercado se aproveitou desse filão.

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