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A preocupação com a questão ambiental foi, durante todo o primeiro turno, o eixo dos pronunciamentos e propostas da candidata Marina Silva, do PV. Mas passou quase em branco nas campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Agora, quando os dois correm atrás dos votos do eleitorado de Marina, o tema vai subir de status.

Entre os eleitores verdes, uma das preocupações é verificar qual dos dois candidatos tem propostas mais próximas das que foram apresentadas por Marina. Diferentemente da ex-seringueira e ex-ministra do Meio Ambiente, nem Dilma nem Serra têm histórico de militância na área ambiental. "Ambos ainda têm dificuldade de conjugar os verbos desenvolver e preservar numa mesma frase", diz o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Nilo D’Ávila.

Nos tempos em que eram colegas de governo, Marina, na pasta do Meio Ambiente, e Dilma, na Casa Civil, ficavam frequentemente em lados opostos. Vista por muitos ambientalistas como um trator do desenvolvimento a qualquer custo, Dilma não tolerava os questionamentos e as ressalvas do pessoal de Marina sobre licenciamento ambiental de hidrelétricas e outras obras de infraestrutura na Amazônia.

Serra, segundo Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, já consegue enxergar as questões ambientais como uma ferramenta socioeconômica de promoção do desenvolvimento sustentável. "Acho que foi a mudança climática que fez com que ele enxergasse o tema de outra maneira", diz. À frente do governo de São Paulo, Serra criou no ano passado a Política Estadual de Mudanças Climáticas, com a meta de redução de 20% das emissões paulistas de gases do efeito estufa até 2020. Foi o primeiro Estado brasileiro a assumir um compromisso desse tipo em lei.

Para Nilo D’Ávila, do Greenpeace, ainda que Dilma tenha batido de frente com Marina no passado, um eventual governo petista teria mais facilidade para adotar uma agenda ambiental proativa, com base na bagagem deixada pela própria Marina. "O PT pode fazer um resgate rápido de planos do passado que têm a digital da Marina. O PSDB terá dificuldade maior."

‘Ataque’

Poucas horas depois de lançar uma consulta na internet sobre qual posição Marina Silva (PV) deveria adotar no segundo turno das eleições ao Planalto, a página do Movimento Marina Silva na internet foi alvo de "ataque" de aliados dos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

Aos primeiros sinais do ataque, a coordenação do movimento decidiu bloquear novas inscrições com direito a manifestação no fórum "Que posição você sugere que Marina tenha no segundo turno". Na tarde dessa terça-feira, com mais de seis mil manifestações registradas, a consulta também foi retirada do ar, pouco mais de 24 horas depois de ter sido lançada.

"Vamos fazer um resumo das contribuições e encaminhar a Marina", disse Eduardo Rombauer, um dos coordenadores do movimento, criado independentemente do PV, mas que mantém diálogo com o comando da campanha do partido. O movimento pergunta agora quais propostas poderiam ser objeto de compromissos dos candidatos ao segundo turno para atrair votos em Dilma ou Serra.