Algumas são quase-escolas. Não têm teto, não têm parede, não têm quase nada. No meio da adversidade, chama atenção o brilho nos olhares dos meninos e das meninas. São alunos de escolas do mundo inteiro, retratados no livro O berço da desigualdade (Unesco, 192 págs., R$ 120), que acaba de ser lançado no Brasil. Com fotografias em preto-e-branco, registradas nas últimas três décadas por Sebastião Salgado e emolduradas por textos do senador Cristovam Buarque, a obra é mais contundente do que qualquer estatística. Suas páginas refletem em profundidade uma fórmula bombástica: a crise mundial da educação começa na carência de cada dia e se aguça na desigualdade social. “Por causa do avanço técnico para poucos, as crianças de hoje poderão ser os primeiros adultos de uma humanidade dividida”, ponderam os autores. O livro, com textos em português, inglês, espanhol e francês, foi publicado primeiro em Paris, em exposição sobre as atividades da Unesco no Brasil. Não por acaso, sua capa reflete a imagem de uma escola em um assentamento do MST.