Téckne/ Museu de Arte Brasileira – Faap, SP/ até 12/12

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MUNDO CODIFICADO
Obras de Anaisa Franco (acima) e Waldemar Cordeiro (abaixo)
propõem novos modelos de retratos

Quando Julio Le Parc deixou as tintas para trabalhar fundamentalmente com a luz, o movimento e a participação do público, ele tinha uma preocupação em mente: a instabilidade da vida cotidiana. Membro do grupo de artistas sul-americanos que se estabeleceu em Paris na década de 1950 e desempenhou papel importante no lançamento da arte cinética na Europa, Le Parc esteve em São Paulo para a montagem da mostra “Téckne”. “Chamam minha obra de cinética, mas as definições limitam a obra de arte. A técnica nunca foi meu motor. A tecnologia que uso sempre foi muito elementar. Minha preocupação era criar uma obra instável  e para isso fui buscar a luz”, diz o artista. 

O duplo mérito dessa curadoria compartilhada entre Denise Mattar  e Christine Mello é, por um lado, realizar um trabalho arqueológico, arquivístico e histórico – ela revisita as cinco principais mostras de arte e tecnologia realizadas pelo MAB-Faap entre 1964 e 1986 –, mas também atualizar as questões do passado em um significativo conjunto de obras contemporâneas. Trata-se, portanto, de seis mostras em uma. 

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“Lumière en Mouvement”, concebida por Le Parc em 1964 para a mostra “A Instabilidade”, funciona como um farol ou fio condutor da exposição. Remontada sob formas diversas nas últimas décadas, a instalação é a mais pura expressão do conceito da primeira mostra revisitada.  A segunda a ser lembrada, “Arteônica”, de 1971, teve curadoria de Waldemar Cordeiro e é considerada uma das primeiras exposições de arte computacional de São Paulo. Logo vem “O Objeto na Arte – Brasil Anos 60”, de 1978. “A assimilação do objeto como nova categoria artística sinalizou uma abertura de caminho para as novas mídias que começaram a surgir”, explica Denise. 
 
Essas novas mídias são o carimbo, o xerox, a arte postal e o vídeo, contemplados na mostra “Arte Novos Meios – Multimeios: Brasil 70/80”, de 1985, que empreendeu um primeiro esforço de historiografar a videoarte brasileira, apresentando desde o antológico vídeo “Passagens”, de Annabella Geiger, ao raro “Olinda”,  de Regina Vater e Paulo Bruscky. 

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NOVA ÓTICA
Luzes em movimento,
na obra de Le Parc

A segunda metade da mostra é formada por um expressivo núcleo contemporâneo, com obras de artistas como Ana Maria Tavares, Anaisa Franco, Lucas Bambozzi e a dupla Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti. Seus trabalhos efetivamente se enquadram no grande conceito regente da mostra, criando situações tão instáveis, desconcertantes e radicais quanto uma tempestade meteorológica provocada por ondas sonoras, caso de “Tormenta Azul Brilhante”, de Luis Duva, e a desconstrução do eixo histórico  e arquitetônico de Brasília, no vídeo “Eixo X”,  de Alexandre Rangel e Rodrigo Paglieri. 

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