O novo espetáculo de Deborah Colker deu um salto de maturidade. Uma atmosfera onírica, proporcionada pelo jogo de 120 cordas do cenário, com o sensual prende e liberta da seqüência dos movimentos, supera a malhação dos balés anteriores. O pas de deux do primeiro ato, inspirado na técnica bondage – que ensina a perfeita confecção do nó –, inova, sobretudo quando o casal fica suspenso no ar, uma cena de beleza indescritível. No segundo ato, uma loja transparente, inspirada nas vitrines de prostitutas de Amsterdã, exibe bailarinos em seu interior nos ângulos mais improváveis. Mas recai na ênfase do virtuosismo muscular. Mesmo com o desnível entre os dois atos, o espetáculo promove o casamento entre apuro técnico e transbordante criatividade. Não perca. (Celina Côrtes)