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INCÔMODO
Quando elas ganham mais, subvertem o papel de provedor do lar

Uma pista do porquê o apresentador de tevê Jesse James traiu compulsivamente sua bela mulher, a atriz americana Sandra Bullock, escândalo que terminou em divórcio em junho deste ano, pode estar em um novo estudo realizado pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Segundo o trabalho dos pesquisadores americanos, homens que ganham menos do que suas companheiras têm maior probabilidade de pular a cerca. Exatamente o caso do casal em questão. Sandra é uma das estrelas mais bem pagas de Hollywood, com ganhos estimados em US$ 56 milhões no ano passado, enquanto James é um obscuro fabricante de motocicletas à frente de um reality show.

O estudo da Universidade de Cornell apontou que, quando o homem é dependente financeiramente da mulher, há cinco vezes mais chances de ele a trair, se comparado com relacionamentos nos quais os dois têm rendas similares. O motivo, de acordo com a autora do estudo, a socióloga Christian Munsch, é que quando elas ganham mais subvertem o posto masculino de provedor do lar. E, ao se sentirem infelizes e desconfortáveis no papel secundário, os homens acabam cedendo mais facilmente à tentação do sexo oposto e traem. Tudo porque tiveram sua identidade social ameaçada e foram procurar uma outra forma de recuperar o lugar que acreditam que lhes cabe. “Ser homem está fortemente relacionado a sustentar a família”, ressalta Christian.

O psicólogo especializado em gênero Antonio Carlos Amador Pereira, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, comenta que realmente é difícil para um homem que teve uma educação tradicional aceitar que a mulher ganhe mais, o que pode desencadear comportamentos que o façam reafirmar a masculinidade, como casos extraconjugais. Mas ele acredita que esta realidade está mudando. “As novas gerações, de até 35 anos, já lidam melhor com isso, porque foram criadas vendo as mulheres da família trabalhando.”

O estudo, intitulado “O efeito da disparidade de renda na infidelidade de homens e mulheres”, também analisou o que ocorre no outro extremo, quando eles ganham muito mais do que elas. E o resultado é desolador para as mulheres, porque nesta situação eles também traem mais. Mas, obviamente, o motivo é outro: eles têm mais oportunidades para serem infiéis, com suas longas jornadas de trabalho e viagens. No caso das mulheres, a situação é inversa. As chances de traírem caem pela metade no time das totalmente dependentes dos maridos em relação às que têm renda aproximada. E são 75% menores se comparando com as que têm salários maiores. E essa situação independe de idade, educação e religião. “Para as mulheres, ganhar menos do que o parceiro não representa uma ameaça à sua feminilidade”, conclui a pesquisadora. Além disso, as economicamente dependentes têm menos oportunidades para ser infiéis e hesitam mais diante de uma oportunidade, por medo de arriscar.

O estudo, apresentado no último encontro anual da Associação Americana de Sociologia, no início do mês, analisou pessoas casadas (1.024 homens e 1.559 mulheres) entre 18 e 28 anos, com relacionamentos de mais de um ano. Apesar destas constatações, verificou-se que apenas 3,8% dos homens e 1,4% das mulheres declararam ter tido casos em um período de cinco anos.

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