Aguerra entre Uber e taxistas só tem aumentado nas grandes cidades brasileiras. Mas a disputa que antes era mediada por prefeituras, Justiça e secretarias de Segurança ficou mais violenta nos últimos dias na maior metrópole do País, São Paulo, com necessidade de intervenção da polícia militar. Por trás desse acirramento de ânimos está um cearense de 49 anos que mora na capital paulista há 34 anos, se considera paulistano, e dirige o sindicato da categoria desde 2007. O presidente do Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxi no Estado de São Paulo (Simtetaxi-SP) Antonio Matias foi petista até outubro de 2015. Depois, se transferiu para o PMDB. E se autoproclama um pacifista. Não é o que mostra na prática. Há alguns dias, publicou um vídeo na internet ameaçando o Uber e fazendo duras críticas ao prefeito Fernando Haddad (PT). “A Uber não vai trabalhar em São Paulo Haddad (…) Chega de palhaçada nessa cidade. Agora é cacete, prefeito”, disse. Na semana passada, também vazaram áudios enviados em um grupo de taxistas no Whatsapp que ensinam como eles devem agir em ataques contra o Uber de uma forma que a categoria não seja responsabilizada.

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POLÊMICO
Matias, taxista há 15 anos e presidente do sindicato de São Paulo desde 2007

Confrontado com o vídeo lotado de ameaças ao prefeito e ao Uber que circula pela internet, Matias afirma não apoiar a violência. “Aquilo foi postado em um momento de raiva”, diz. A publicação causou revolta em alguns usuários. Muitos comentaram nas redes sociais que, se a hostilidade continuar, não vão mais usar o serviços de taxi, numa demonstração clara de que quem mais perde nesta disputa é a população. Caso do empresário Luiz Fernando Dantas, 44 anos. “Quando existe violência, nós passageiros, naturalmente, acabamos por sentir repúdio pela categoria”, diz. Segundo Ceará, advogados do representante do Uber no Brasil, Daniel Mangabeira, ofereceram “um cheque” para o Sindicato se calar. Procurado por ISTOÉ, o Uber afirmou em nota que “ele está mentindo.” A Secretaria de Segurança Pública instaurou um inquérito contra Matias para apurar eventual delito de incitação à prática de crime.

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CONFRONTO
Acima, taxistas cercam motoristas do Uber nos Jardins
na luta por passageiros: intervenção da polícia 

Até agora, o auge da guerra nas ruas da capital paulista se deu em frente a um dos hotéis mais luxuosos da capital paulista, no bairro dos Jardins, durante um estrelado baile de pré-Carnaval. Mas a revolta dos taxistas com os carros do serviço de aplicativo que disputam mercado com eles e não são legalizados – nem pagam todas as taxas, alvarás e impostos – ganha novos ingredientes a cada dia e, aparentemente, está longe de ter fim. E vai além da capital paulista. Matias diz ter contato diário com todos os sindicatos da categoria no Brasil e que a revolta é nacional. Só que a truculência dos taxistas contra os motoristas do Uber tem servido de propaganda positiva para o aplicativo. Em abril do ano passado, após um protesto da categoria, os downloads do app aumentaram cinco vezes em São Paulo e Brasília e três no Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

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Fotos: Thiago Bernardes/FramePhoto; CHELLO FOTÓGRAFO/FUTURA PRESS; 


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