Um processo movido na Justiça norte-americana contra o governo Hugo Chávez há poucos anos trouxe à tona denúncias de subornos, superfaturamentos e outras ilegalidades envolvendo a compra de alimentos no Brasil por meio da petroleira PDVSA. Nas investigações surgiu o nome da empresa Surimpex, sediada em São Paulo e administrada pelos cubanos Francisco Navarro Rodriguez e Ricardo Franco Navas, ligados à cúpula do governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Esta coluna descobriu que a Surimpex integrou por oito anos seguidos as missões empresariais organizadas pela APEX para participação na feira internacional de Havana.

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Offshores cubanas
Outros funcionários do regime cubano integraram a Surimpex, cujo controle ao longo dos anos passou pelas offshores Sabradell, nas Ilhas Virgens Britânicas, Octubre Holding e Greenway Holding, ambas na Suíça. ­Figura ainda como sócio brasileiro o advogado Danillo Joaquim Guilhermino dos Santos, que vive no Rio.

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Tomando distância 
O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, resolveu mudar o nome de sua consultoria. Chamava-se Red Star, em óbvia alusão ao símbolo do PT. Diante do derretimento da imagem da legenda, afogada em escândalos de corrupção, a empresa agora foi rebatizada de Oka2 Consultoria.

A serviço do partido 
Nos recibos eleitorais da prestação de contas da campanha de Dilma, há o pagamento de R$ 800 pelo aluguel de um veículo para uso da então ministra do Planejamento, Miriam Belchior. A planilha indica o pagamento de uma diária no dia 1º de setembro, uma segunda-feira.

Fala, Dilma!
O vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, sugeriu a Dilma que estabeleça um compromisso semanal de bate-papos com jornalistas. Ele lembrou a prática bem-sucedida do presidente Barack Obama no contato com a imprensa. Para Cantalice, também é preciso mudar a pauta do ajuste fiscal.

Lua em Aquário
Governando com liminar do TSE, o prefeito de Taubaté Ortiz Junior assinou contrato com a Capricórnio, empresa ré na ação de improbidade administrativa que levou à Justiça a decretar o bloqueio de bens do próprio político na esfera cível
e à cassação de seu mandato na Justiça eleitoral.

Clube VIP da Apex
Em número de participações nas missões da Apex a Cuba, a Surimpex só foi superada pela Suplextrade, presente em todas as viagens organizadas até hoje para a ilha dos Castro. Com outras cinco empresas, elas formam uma espécie de “clube VIP” com vaga cativa nessas missões. Surimpex, Suplextrade e ainda a FM Coempar foram agraciadas pelo BNDES.

Antídoto Cunha
No Palácio do Planalto, conselheiros de Dilma avaliam que o rompimento de Eduardo Cunha e sua insistência na agenda do impeachment servem de antídoto para o governo. Se o PMDB for para a oposição e embarcar na tese vai acabar fortalecendo o presidente da Câmara, o que ­Temer não quer.

Tulipa, caneco
Pouco antes de ser preso na Lava-Jato, Mario Góes foi ao mercado financeiro ­levantar recursos para a Rio Nave Indústria Naval, antigo Estaleiro Caneco. O empreendimento é comandado pelo ex-deputado Mauro Campos, que presidiu a Transpetro e foi o idealizador do PROMEF para construção de grandes petroleiros. Campos se associou ao grupo português Riviera, que teve como lobista Vavá, irmão de Lula. Hoje, o RN Naval conta com os serviços de Adilson Costa, ex-presidente do Postalis. O fundo de pensão investiu R$ 67 milhões no empreendimento.

Minha crise, minha dívida
A crise econômica não poupa ninguém. A empreiteira Cantareira, do deputado Edmar Arruda (PSC-PR), pediu recuperação judicial com valor de causa de R$ 38,5 milhões. A empresa participava do Programa Minha Casa, Minha Vida e entregou dezenas de habitações no Paraná. Com o freio dos investimentos ­governamentais, não segurou o baque.

Toma lá dá cá

JOSÉ GUIMARÃES, líder do governo na câmara

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ISTOÉ – Como reagir à decisão de Eduardo Cunha de ir para a oposição?
Guimarães –
A base na Câmara deve construir uma agenda nacional. Não podemos ficar nesse mata-mata de oposição contra governo, especialmente com o presidente da Câmara na oposição.

ISTOÉ – Com o rompimento, o Palácio do Planalto vai pedir que Cunha entregue os cargos que possui na Esplanada?
Guimarães –
Não tenho conhecimento de cargos que o presidente da Câmara tenha no governo. Isso diz respeito à articulação política, que está nas mãos do vice-presidente Michel Temer.

ISTOÉ – Há margem para reconciliação com Cunha?
Guimarães –
Como presidente que é da Câmara, ele será procurado pelo governo na hora certa. Vamos deixar a poeira baixar. O recesso legislativo ajuda a distender o clima.

Rápidas

* Em plena crise econômica, o Banco Central não parece muito preocupado com ajustes. Lançou licitação milionária para a contratação de transporte e hospedagem. Na planilha, requer “táxi de luxo para distâncias de até 50 km” e diária em hotel “luxo” ou “muito confortável”.

* O escritório Tauil & Chequer Advogados esclarece à coluna que o advogado Marcelo Mello deixou a sociedade em 2008 e que, desde então, não existe qualquer relação profissional entre ambos. A banca “Tauil, Chequer e Mello” também deixou de existir como pessoa jurídica.

* Depois de um ano e meio no cargo, o jornalista Olímpio Cruz está deixando a Secretaria de Imprensa da Presidência da República para assessorar o presidente do Banco do Brasil, Alexandre Abreu. A troca foi acertada com a presidente Dilma na quinta-feira 23.

Retrato falado

Na semana passada, a Câmara dos Deputados começou a debater projeto de lei complementar do deputado Silvio Costa (PSC-PE) que pretende relaxar as regras impostas pela Lei da Ficha Limpa. Quem não gostou nada disso foi o juiz Marlon Reis, idealizador da iniciativa que, em 2010, ganhou o apoio de 2 milhões de pessoas. Para ele, o eleitor deve voltar a protestar.

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Efeito cascata
Num desdobramento da investigação sobre o envolvimento do deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG) na Lava Jato, o MP mineiro denunciou seu ex-assessor José Doria por improbidade administrativa na CBTU, estatal federal de trens urbanos. Entre os acusados está Sergio Sessim, filho de Simão Sessim, ­também investigado no esquema do petrolão.

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Em causa própria
O advogado Marcelo Mello foi por muitos anos gerente jurídico da Braspetro (Petrobras Internacional). Próximo à incorporação da empresa pela holding, Mello deixou a estatal. Em seu lugar, assumiu Carlos Borromeu, seu braço-direito. Pois o mesmo Borromeu passou a contratar Mello a peso de ouro para assessorar os negócios da Petrobras, dentre eles ­Pasadena. Mello, como descobriu a Lava Jato, ­virou uma espécie de mecenas de Nestor ­Cerveró, então diretor internacional.

Colaborarou Josie Jerônimo
Fotos: Riccardo De Luca/AP Photo; Sérgio Lima/Folhapress; Câmara dos Deputados/Secom