24/07/2015 - 20:00
Um processo movido na Justiça norte-americana contra o governo Hugo Chávez há poucos anos trouxe à tona denúncias de subornos, superfaturamentos e outras ilegalidades envolvendo a compra de alimentos no Brasil por meio da petroleira PDVSA. Nas investigações surgiu o nome da empresa Surimpex, sediada em São Paulo e administrada pelos cubanos Francisco Navarro Rodriguez e Ricardo Franco Navas, ligados à cúpula do governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Esta coluna descobriu que a Surimpex integrou por oito anos seguidos as missões empresariais organizadas pela APEX para participação na feira internacional de Havana.
Offshores cubanas
Outros funcionários do regime cubano integraram a Surimpex, cujo controle ao longo dos anos passou pelas offshores Sabradell, nas Ilhas Virgens Britânicas, Octubre Holding e Greenway Holding, ambas na Suíça. Figura ainda como sócio brasileiro o advogado Danillo Joaquim Guilhermino dos Santos, que vive no Rio.
Tomando distância
O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, resolveu mudar o nome de sua consultoria. Chamava-se Red Star, em óbvia alusão ao símbolo do PT. Diante do derretimento da imagem da legenda, afogada em escândalos de corrupção, a empresa agora foi rebatizada de Oka2 Consultoria.
A serviço do partido
Nos recibos eleitorais da prestação de contas da campanha de Dilma, há o pagamento de R$ 800 pelo aluguel de um veículo para uso da então ministra do Planejamento, Miriam Belchior. A planilha indica o pagamento de uma diária no dia 1º de setembro, uma segunda-feira.
Fala, Dilma!
O vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, sugeriu a Dilma que estabeleça um compromisso semanal de bate-papos com jornalistas. Ele lembrou a prática bem-sucedida do presidente Barack Obama no contato com a imprensa. Para Cantalice, também é preciso mudar a pauta do ajuste fiscal.
Lua em Aquário
Governando com liminar do TSE, o prefeito de Taubaté Ortiz Junior assinou contrato com a Capricórnio, empresa ré na ação de improbidade administrativa que levou à Justiça a decretar o bloqueio de bens do próprio político na esfera cível
e à cassação de seu mandato na Justiça eleitoral.
Clube VIP da Apex
Em número de participações nas missões da Apex a Cuba, a Surimpex só foi superada pela Suplextrade, presente em todas as viagens organizadas até hoje para a ilha dos Castro. Com outras cinco empresas, elas formam uma espécie de “clube VIP” com vaga cativa nessas missões. Surimpex, Suplextrade e ainda a FM Coempar foram agraciadas pelo BNDES.
Antídoto Cunha
No Palácio do Planalto, conselheiros de Dilma avaliam que o rompimento de Eduardo Cunha e sua insistência na agenda do impeachment servem de antídoto para o governo. Se o PMDB for para a oposição e embarcar na tese vai acabar fortalecendo o presidente da Câmara, o que Temer não quer.
Tulipa, caneco
Pouco antes de ser preso na Lava-Jato, Mario Góes foi ao mercado financeiro levantar recursos para a Rio Nave Indústria Naval, antigo Estaleiro Caneco. O empreendimento é comandado pelo ex-deputado Mauro Campos, que presidiu a Transpetro e foi o idealizador do PROMEF para construção de grandes petroleiros. Campos se associou ao grupo português Riviera, que teve como lobista Vavá, irmão de Lula. Hoje, o RN Naval conta com os serviços de Adilson Costa, ex-presidente do Postalis. O fundo de pensão investiu R$ 67 milhões no empreendimento.
Minha crise, minha dívida
A crise econômica não poupa ninguém. A empreiteira Cantareira, do deputado Edmar Arruda (PSC-PR), pediu recuperação judicial com valor de causa de R$ 38,5 milhões. A empresa participava do Programa Minha Casa, Minha Vida e entregou dezenas de habitações no Paraná. Com o freio dos investimentos governamentais, não segurou o baque.
Toma lá dá cá
JOSÉ GUIMARÃES, líder do governo na câmara
ISTOÉ – Como reagir à decisão de Eduardo Cunha de ir para a oposição?
Guimarães – A base na Câmara deve construir uma agenda nacional. Não podemos ficar nesse mata-mata de oposição contra governo, especialmente com o presidente da Câmara na oposição.
ISTOÉ – Com o rompimento, o Palácio do Planalto vai pedir que Cunha entregue os cargos que possui na Esplanada?
Guimarães – Não tenho conhecimento de cargos que o presidente da Câmara tenha no governo. Isso diz respeito à articulação política, que está nas mãos do vice-presidente Michel Temer.
ISTOÉ – Há margem para reconciliação com Cunha?
Guimarães – Como presidente que é da Câmara, ele será procurado pelo governo na hora certa. Vamos deixar a poeira baixar. O recesso legislativo ajuda a distender o clima.
Rápidas
* Em plena crise econômica, o Banco Central não parece muito preocupado com ajustes. Lançou licitação milionária para a contratação de transporte e hospedagem. Na planilha, requer “táxi de luxo para distâncias de até 50 km” e diária em hotel “luxo” ou “muito confortável”.
* O escritório Tauil & Chequer Advogados esclarece à coluna que o advogado Marcelo Mello deixou a sociedade em 2008 e que, desde então, não existe qualquer relação profissional entre ambos. A banca “Tauil, Chequer e Mello” também deixou de existir como pessoa jurídica.
* Depois de um ano e meio no cargo, o jornalista Olímpio Cruz está deixando a Secretaria de Imprensa da Presidência da República para assessorar o presidente do Banco do Brasil, Alexandre Abreu. A troca foi acertada com a presidente Dilma na quinta-feira 23.
Retrato falado
Na semana passada, a Câmara dos Deputados começou a debater projeto de lei complementar do deputado Silvio Costa (PSC-PE) que pretende relaxar as regras impostas pela Lei da Ficha Limpa. Quem não gostou nada disso foi o juiz Marlon Reis, idealizador da iniciativa que, em 2010, ganhou o apoio de 2 milhões de pessoas. Para ele, o eleitor deve voltar a protestar.
Efeito cascata
Num desdobramento da investigação sobre o envolvimento do deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG) na Lava Jato, o MP mineiro denunciou seu ex-assessor José Doria por improbidade administrativa na CBTU, estatal federal de trens urbanos. Entre os acusados está Sergio Sessim, filho de Simão Sessim, também investigado no esquema do petrolão.
Em causa própria
O advogado Marcelo Mello foi por muitos anos gerente jurídico da Braspetro (Petrobras Internacional). Próximo à incorporação da empresa pela holding, Mello deixou a estatal. Em seu lugar, assumiu Carlos Borromeu, seu braço-direito. Pois o mesmo Borromeu passou a contratar Mello a peso de ouro para assessorar os negócios da Petrobras, dentre eles Pasadena. Mello, como descobriu a Lava Jato, virou uma espécie de mecenas de Nestor Cerveró, então diretor internacional.
Colaborarou Josie Jerônimo
Fotos: Riccardo De Luca/AP Photo; Sérgio Lima/Folhapress; Câmara dos Deputados/Secom