Num local cercado de verde a 60 quilômetros de Brasília (DF), cerca de 40 mulheres se reúnem para dançar. Por meio da expressão corporal, acreditam poder fortalecer sua feminilidade num mundo dominado por homens. À frente delas está Prema Dasara, americana convertida ao budismo que criou um estilo de dança elogiado até por Dalai Lama. No Brasil, além do encontro realizado na semana passada e organizado pelo braço sul americano da organização que criou, a Tara Dhatu, a dançarina lança um novo livro em agosto, “Dançando Tara”, pela Editora Cubzac. Na obra, ela desvenda os significados de sua coreografia.

IOGA-01-IE.jpg

IE2374pag46_Ioga.jpg

Nascida no Brooklyn, em Nova York, numa família católica, Prema começou a estudar balé clássico aos 3 anos. Logo abandonou as aulas, mas continuou dançando por conta própria. Na adolescência, em plenos anos 1960, afastou-se do cristianismo, mas não deixou de admirar a figura por quem possuía maior veneração: a Virgem Maria. Curiosamente, é a personagem católica que, em sua visão, mais se aproxima de Tara, a deidade budista que inspira sua coreografia. Aos 16 anos, saiu de casa para viajar. Foi na Índia, em 1976, que retomou os estudos formais dos movimentos do corpo e se aproximou ao budismo.

Anos depois, em 1983, vivendo no Havaí e influenciada por um lama (líder espiritual budista), ela criou uma versão dançada de uma das preces mais conhecidas da religião. “Quando nós nos apresentamos, todos os que viram choraram”, diz. Ela se aprofundou nas crenças e passou a espalhar a dança mundo afora. Desde então, calcula que 6 mil pessoas já tenham passado por suas aulas, boa parte sem contato prévio com o budismo. Num dos dois encontros que teve com o Dalai Lama, ele classificou sua arte como “maravilhosa”.

abre.jpg
RECONHECIMENTO
Prema Dasara com o guru indiano Ramani Ranjan Jena:
elogios de mestres budistas

Pela dança, a professora e seus seguidores esperam servir de exemplo para o sexo feminino. “As mulheres são tão capazes quanto os homens. Nós temos que nos libertar de muitas insanidades culturais e trabalhar juntos de uma forma cooperativa, ao invés de hierárquica”, afirma Prema. Descobrindo seu potencial através da coreografia, ela defende, suas alunas podem superar barreiras. Dona de restaurante, Albânia De’Carli, 60 anos, é uma delas. A empresária conheceu o método há nove anos, num período em que abandonava a carreira de psicóloga. “É uma prática transformadora, quem participa se fortalece muito”, diz.