Acaba de ser lançado no Brasil o primeiro aparelho de uso domiciliar que promete tratar a enxaqueca e a dor de cabeça crônica por meio da aplicação de estímulos elétricos. Comercializado em países como a Holanda, Itália e Estados Unidos, o Cefaly pode ser utilizado nas crises e também de forma preventiva, segundo o fabricante.

abre.jpg
AÇÃO
Os sinais elétricos disparados pelo aparelho atingem o nervo trigêmeo

O equipamento deve ser colocado sobre a testa e o eletrodo, fixado acima das sobrancelhas. Sinais elétricos são disparados sobre o nervo trigêmeo. Ele é o principal condutor nervoso das informações sensoriais da cabeça, face e de estruturas como os dentes e os seios nasais, e, importante para dores como a enxaqueca, da dura mater, uma das membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.

O processo da enxaqueca é complexo e ainda há muito o que se descobrir sobre ele. Mas o que se sabe é que ele seja desencadeado quando células cerebrais estimulam o nervo trigêmeo a liberar substâncias inflamatórias que deixam a dura mater hiper sensível. Os vasos sanguíneos se dilatam, afetando a membrana já muito sensibilizada. O resultado é uma dor em pulso, sincronizada, que costuma atingir um lado da cabeça. Os estímulos elétricos disparados pelo Cefaly teriam o poder de atenuar a dor ou se, se usados de forma preventiva, durante vinte minutos diariamente, diminuir a quantidade e a intensidade das crises.

A estratégia da neuromodulação no tratamento de dor de cabeça e de enxaqueca ainda é relativamente recente. Há trabalhos que sugerem eficácia, como o realizado na Universidade da Bélgica envolvendo 67 pessoas. Elas foram seguidas durante três meses. Neste período, fizeram estimulação elétrica diariamente por vinte minutos. Porém, os sinais foram disparados sobre o nervo supraorbital, e não sobre o trigêmeo. Ao término do estudo, o número de dias com a enxaqueca caiu de 6,9 para 4,8 por mês.

São indicadores positivos, assim como os fornecidos pelo fabricante do aparelho, dando conta de que o equipamento teria promovido uma redução de 75% no uso de medicamentos e uma queda de 77% na quantidade de crises. Porém, os especialistas recomendam cautela diante de novidades como essas. Até por ser uma tecnologia muito nova, é difícil pontuar com precisão seu real potencial de benefício. 

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias