O esforço da medicina para encontrar caminhos mais eficientes contra o câncer acaba de resultar em três opções. Nos Estados Unidos, equipes da Universidade da Carolina do Norte e da Universidade de Duke anunciaram a criação de um dispositivo que recorre a descargas elétricas para introduzir doses de quimioterápicos dentro do tumor. O aparelho que produz a energia contém também um reservatório onde leva a droga. O método foi testado em animais para câncer de pâncreas e de mama em estágio avançado. “O equipamento cria um campo elétrico que facilita a entrada do remédio nas células tumorais”, diz a engenheira Lissett Bickford, da Carolina do Norte. Com essa estratégia de entrega local, maiores quantidades de drogas potentes poderão, futuramente, serem levadas apenas para os tumores, poupando o resto do corpo de altas dosagens.

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Em fase mais adiantada de estudos está uma tecnologia que usa ondas de ultrassom focado de altíssima potência, cerca de dez mil vezes mais intensas do que aquelas usadas em exames de ultrassom durante a gravidez, por exemplo. O recurso está sendo investigado no Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, e do Royal Marsden NHS Foundation Trust, também no Reino Unido, para o tratamento da dor do câncer, em especial as provocadas por tumores que se disseminam pelos ossos. A tecnologia funciona por meio da alta concentração de energia ultrassônica sobre a região onde está o tumor.

O efeito é a destruição, pelo calor, do tecido nervoso que circunda os pontos de metástase nos ossos. “Mas os tecidos vizinhos ficam preservados”, explica Gail ter Haar, que participou do estudo. No Brasil, a tecnologia está aprovada para o tratamento de tumores de próstata em pacientes que não podem ser operados. “Os resultados são muito bons”, diz o cirurgião Gustavo Guimarães, que dirige o setor de urologia do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo. Se as pesquisas na Inglaterra forem bem-sucedidas, mais estudos serão feitos com o método para tratar também tumores locais em estágio inicial da doença. 

Outra tecnologia recente para tratar tumores avançados – neste caso, os de fígado – é uma forma de radioterapia não invasiva. Ela é baseada na aplicação de microesferas radioativas contendo o elemento Ítrio-90. “Elas são introduzidas no fígado por meio de um cateter inserido pela artéria femoral, perto da virilha”, explica o radiologista intervencionista Felipe Nasser, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde o método está disponível. A técnica impede que o tumor continue a crescer.

A terapia é precedida por exames que avaliam, por exemplo, a possibilidade de a radiação migrar do fígado para o pulmão, o que poderia causar efeitos indesejáveis. “Os resultados variam a cada paciente, mas há casos em que a qualidade de vida melhorou muito e também foi registrado um aumento expressivo de sobrevida”, diz o médico.

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