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A presidente Dilma Rousseff realizou nesta terça-feira (27) a primeira reunião com a nova equipe ministerial. Após o encontro, feito sob total sigilo, do qual não participaram nem mesmo assessores próximos, Dilma fez um pronunciamento em que defendeu o combate à corrupção, citando especificamente a Petrobras, envolvida no escândalo da Lava Jato.

"Temos que punir as pessoas sem destruir as empresas", afirmou Dilma. "As empresas são essenciais para a economia do País."

Ao falar sobre a estatal petroleira, Dilma disse que é preciso "saber apurar, saber punir, isso tudo sem diminuir a Petrobras e sua importância para o País".

A presidente também defendeu as medidas adotadas pela nova equipe econômica, que incluem o aumento de alguns impostos e o severo corte de investimentos e do orçamento de diversos ministérios. Dilma afirmou confiar na recuperação do País, que deve ter crescimento praticamente nulo em 2015, segundo o Banco Central.

"O Brasil continua sendo uma economia continental, diversificada, um grande mercado interno com empresas e trabalhadores habilidosos e versáteis", disse a presidente.

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Dilma ainda disse que os ajustes que estão sendo feitos são necessários para consolidar um projeto vitorioso nas urnas. Segundo a petista, a gestão será ao mesmo tempo de continuidade e de mudanças. Ela defendeu que a tarefa é continuar o projeto de desenvolvimento criado a partir de 2003. "Nós precisamos garantir a solidez dos nossos indicadores econômicos", afirmou.

 

A presidente disse que o País passa por dois choques. Um externo, advindo da crise de economias importantes no mundo, da redução do preço de commodities e da apreciação do dólar frente ao real. No plano interno, disse, ocorre um choque no preço dos alimentos.

 

Dilma afirmou que a seca pela qual atravessa o País também teve impacto nos preços de energia e no fornecimento de água para a região Sudeste. Mas destacou que o Brasil fez o seu papel diante desses choques, ao conseguir preservar o emprego e a renda do trabalhador.

 

Segundo a petista, o governo absorveu a maior parte das mudanças dos cenários nas contas fiscais. Ela disse que foi reduzido o resultado primário para proteger a economia brasileira. "Estamos diante da necessidade de reequilíbrio fiscal", destacou, ao frisar que tais medidas vão assegurar a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo.

 

Orçamento

 

Dilma avaliou que a razão de ser da direção responsável e consistente da política econômica é sustentar o desenvolvimento com políticas que melhorem o bem estar da população. Ela citou que a inflação se manteve dentro dos limites do regime de metas durante o seu primeiro mandato, alegando que o governo não descuidou do seu controle.


 

"O Banco Central está adotando as medidas necessárias para o controle da inflação", afirmou. "Reduziremos gastos discricionários enquanto o Congresso discute projeto de orçamento para 2015 e reduzimos em um terço o limite orçamentário de todos ministérios no começo do ano", acrescentou. Aos ministros, Dilma alertou que as restrições orçamentárias exigirão maior eficiência nos gastos. "

 

A presidente destacou que o governo busca o equilíbrio fiscal também pelo lado das receitas. Ela citou medidas já anunciadas, como o aumento da Cide para combustíveis, do IOF no crédito pessoal e do PIS/Cofins para bens importados. Dilma prometeu ainda medidas para aumentar investimentos e dar competitividade à economia.

 

"No campo tributário estamos concluindo a proposta de aperfeiçoamento do Super Simples com mecanismos de transição para enfrentar barreiras ao crescimento de micro e pequenas empresas. Preparamos uma reforma de PIS/Cofins para o aproveitamento de créditos pelas empresas. Vamos propor um plano nacional de exportações para incrementar o comércio externo", afirmou.

 

Segundo Dilma, o objetivo é aumentar a pauta e destinos das exportações brasileiras. "Se empresas conseguirem competir no resto do mundo, serão competitivas também no Brasil", avaliou. Para ela, isso depende também da simplificação e desburocratização do dia a dia das empresas e dos cidadãos. "Vamos fazer um programa de simplificação das ações de governo, da relação das pessoas e empresas com o Estado, e do Estado consigo mesmo. Teremos menos gastos de recursos em tarefas secundárias", explicou.

 

A presidente também relatou que o governo já iniciou a definição da nova carteira de investimentos em infraestrutura.

 

Dilma ainda afirmou que tomou recentemente medidas estruturais para manter a saúde das contas públicas e da economia. Justificou que são medidas de caráter corretivo, que se mostram necessárias em qualquer circunstância. Logo em seguida, citou que o governo vai adequar seguro desemprego e o auxílio por morte, por adequação às novas condições do País. Argumentou que o valor real do salário mínimo cresceu nos últimos anos, assim como aumentou a expectativa de vida. "Trata-se de aperfeiçoamento de políticas sociais", disse a presidente, ao justificar as mudanças


 

"Nós sempre aperfeiçoamos nossas medidas, a Bolsa Família é um exemplo", defendeu a presidente. Segundo Dilma, no ano passado, um total de 1,29 milhão de famílias deixou o programa por não mais enquadrar nos critérios para recebimento do benefício. O aperto na concessão do seguro desemprego e de outros benefícios sociais, conforme anunciado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez o segundo mandato da presidente Dilma ser alvo de críticas, movidas principalmente por centrais sindicais. "A razão de ser da gestão responsável da política econômica é estimular crescimento", comentou há pouco Dilma.

 

Segundo Dilma, a meta de gerar um superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) representa um esforço brutal, mas que ainda pode ser suportado, podendo preservar as políticas sociais como o Bolsa Família, o programa Minha Casa Minha Vida e o Ciência sem Fronteiras.

 

A apresentação inicial de Dilma na reunião ministerial de hoje foi aberta, inclusive transmitida pela NRB, a rede oficial de televisão. O restante do encontro, no entanto, será fechado. O Planalto quer evitar vazamentos dos assuntos que vão ser conversados a partir de agora. Celulares ficarão de fora da sala. Assessores dos ministros não estarão presentes.

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