O Brasileiro do Ano na Política, eleito por ISTOÉ este ano, Luiz Fernando Pezão (PMDB), 55 anos, iniciou a campanha para disputar o cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro na lanterninha das pesquisas. Seus concorrentes – Anthony Garotinho, do PR, Marcello Crivela, do PRB, e Lindberg Farias, do PT – despontavam como favoritos nas bolsas de apostas. Seu antecessor e padrinho político, Sérgio Cabral Filho (PMDB), de quem foi vice-governador e recebeu o cargo no início deste ano para completar o mandato, amargava um alto índice de rejeição no Estado. Por fim, Pezão era desconhecido por 67% dos habitantes do Rio. Mas contrariou a lógica política. Graças ao amplo arco de alianças, que chegou a reunir 21 partidos no segundo turno, e à disposição para promover um intenso corpo a corpo eleitoral na campanha pelo Estado, o candidato do PMDB saiu consagrado das urnas. “Andei muito por esse Rio afora falando das conquistas do governo Cabral e o que eu faria num novo governo. Houve dias em que andei oito horas a pé”, contou.

Algumas das marcas registradas do governador são a dedicação ao trabalho – não raro, trabalha 14 horas por dia –, a vocação para o diálogo e a aglutinação de forças políticas. Para o próximo ano, ele ajudou a constituir um grupo de quatro governadores – Geraldo Alckmin (PSDB/SP), Paulo Hartung (PMDB/ES), Fernando Pimentel (PT/MG), além dele – que trabalharão em conjunto com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em grandes operações de segurança nas fronteiras brasileiras. “Vamos trabalhar com as quatro polícias estaduais junto com a Marinha, a Aeronáutica e o Exército, além da Polícia Rodoviária Federal, para fazer uma grande integração de segurança pública. O objetivo é combater o tráfico de drogas e armas, mas também a sonegação de impostos e outros crimes”, antecipou Pezão à ISTOÉ. A medida, segundo ele, será anunciada por Cardozo no início de 2015.

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No Rio, o tema segurança pública permanecerá como prioridade. Pezão promete que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) serão mais bem equipadas para combater os constantes ataques do tráfico e de milicianos inconformados com a tomada territorial das favelas cariocas. O alinhamento político entre os governos estadual, municipal e federal, que rendeu bons frutos para o Rio, também será mantido. Pezão pretende estreitar os laços com o prefeito Eduardo Paes (PSDB) e com a presidente Dilma Rousseff (PT), a fim de conseguir benefícios para o Estado e a capital, que vai sediar um dos maiores eventos esportivos do mundo, a Olimpíada de 2016. “Temos uma série de obras em andamento, vamos deixar legados importantes para a cidade. Não adianta falar em limpar a Baía da Guanabara (palco da disputa de velas) se não tratar o esgoto de São Gonçalo, Caxias, Magé, que ficam na margem da Baía”, explica. E aposta: “Nosso grande legado será na área de mobilidade.”

Nascido em Piraí, ao sul do Estado, Pezão começou a carreira política na década de 1980 como vereador. Em seguida, foi prefeito da cidade – onde, este ano, obteve 87% dos votos válidos para governador. Recebeu apoio da maioria dos prefeitos do interior, como José Rechuan Júnior (PP), de Resende, que costuma ressaltar outra qualidade de Pezão: “Ele conhece como ninguém os problemas de infraestrutura, saúde, mobilidade e educação do Rio”. O governador é casado com a economista Maria Lúcia Cautiero Horta Jardim, por quem se apaixonou aos 10 anos de idade. Os pais, o torneiro mecânico Darcy, 87 anos, e a dona de casa Ercy, 84, moram em Piraí e até hoje levam uma vida simples, sem empregados domésticos. Casados há mais de 60 anos, deixaram como legado aos filhos um ensinamento que o governador diz ter assumido como lema de vida: “O poder é passageiro. O importante é a simplicidade”, prega.

Foto: Stefano Martini  

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