A Rede Globo estreia nesta semana sua nova novela das 19 horas, “Alto Astral”. Dirigida por Jorge Fernando e com roteiro de Daniel Ortiz (supervisionado por Silvio de Abreu), a trama tenta recuperar a audiência do horário após a fraca recepção de “Geração Brasil”, que marcou cerca de 20 pontos no Ibope. Para atrair o público, resolveu lançar mão de uma fórmula batida, mais que testada pela emissora: o tema espírita. A estréia coincide com um período de corte de gastos na casa, e até a renovação dos contratos de medalhões como Xuxa, Renato Aragão e Fausto Silva está incerta. Enquanto Xuxa não tem nenhum programa garantido para 2015, Aragão, por exemplo, pode deixar de ser uma exclusividade do canal. Um bom momento portanto para histórias conduzidas por auxílios extraordinários e justiça celestial, com a insuperável mensagem de esperança que historicamente agrada ao espectador.

abre.jpg
Guia espiritual
O médico Caíque (Sergio Guizé) é seguido pelo
espírito do dr. Castilho (Marcelo Médici)

Para o crítico de televisão Nilson Xavier, autor do “Almanaque da Telenovela Brasileira” (Panda Books), essa é uma fórmula que dá certo. “Trata-se de um texto agradável, bastante folhetinesco. O público gosta de enredos que mostrem a vida após a morte.” Ele explica que novelas de temática espírita costumam se dividir em dois tipos: as doutrinárias, como “A Viagem”, da antiga TV Tupi, inspirada em livros de Chico Xavier, e as descomprometidas, comédias mais leves como “Escrito nas Estrelas” e, agora, “Alto Astral”.

01.jpg

A história do menino que descobre sua mediunidade na vida adulta (Sergio Guizé) trata de temas do espiritismo real: ligações cármicas, espíritos auxiliadores e predestinação. Mas abre espaço para comentários cômicos, como o mau uso da facilidade com a comunicação com outro mundo, com o charlatanismo espiritual. Claudia Raia vive a personagem Samantha, que em uma das primeiras cenas do folhetim convoca a imprensa para provar que anteviu o desabamento de uma ponte. Sensitiva, a médium é punida pelo mau uso de seu talento e perde a comunicação com o outro lado.

Para Xavier, embora as últimas novelas exibidas no horário não tenham agradado ao público, essa queda envolve outros fatores, como a desatualização da medição de audiência, que não acompanhou a forma com que o espectador hoje assiste às novelas. Segundo ele, a metodologia usada pelo Ibope é ultrapassada, já que não considera as pessoas que assistem aos episódios posteriormente pela internet. Ele cita como exemplo as últimas produções das 18 horas, “Boogie Oogie” e “Meu Pedacinho de Chão”, que foram elogiadas pela crítica e tiveram boa repercussão nas mídias sociais, mas nunca atingiram números significativos no Ibope.

03.jpg

A nova telenovela recupera elementos de sucesso de obras anteriores, como “Amor Eterno Amor”, de 2012 (leia abaixo), que chegou a 29 pontos na medição. Ambientada em uma cidade fictícia no interior de São Paulo, a história traz Thiago Lacerda como vilão. Além de manter casos com Sueli (Débora Nascimento) e Samantha (Claudia Raia), a médica que se ressente de ter perdido seus poderes paranormais, ele namora a jornalista Laura (Nathalia Dill). Caíque se apaixona por Laura, criando assim uma rivalidade com o irmão e acertando os ponteiros com o relógio cármico.

02.jpg

Fotos: João Miguel Júnior/TV GLOBO, Pedro Paulo Figueiredo e Renato Rocha Miranda/globo; Alex Carvalho/TV GLOBO