Na semana passada surgiu mais um indício dos maus-tratos vividos em casa por Bernardo Boldrini, o menino de 11 anos encontrado morto em abril deste ano no interior do Rio Grande do Sul. Em um vídeo encontrado no celular do pai do garoto, Leandro Boldrini, 39 anos, Bernardo é ameaçado de morte pela madrasta, Graciele Ugulini, 32 anos. Os dois são os principais acusados pelo assassinato do menino. Na briga (leia trecho da transcrição ao lado), Bernardo gritou por socorro, o que fez a Brigada Militar ir até a residência. As imagens ainda mostram Boldrini assistindo à cena tomando uísque sentado em uma poltrona. Segundo a delegada do caso, Caroline Bamberg, essa é mais uma prova da conivência do acusado. Já seu advogado, Jadir Marques, acredita que o vídeo mostra, sim, os problemas no relacionamento entre Boldrini e Bernardo, mas não é suficiente para vinculá-lo ao crime.

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O vídeo foi gravado por Graciele com a intenção de provar que o garoto tinha um comportamento agressivo, caso ela tivesse de responder a algum processo. As informações foram passadas pela delegada Caroline em depoimento prestado na terça-feira 26. Ela foi uma das primeiras pessoas a falar nas audiências do processo. No total, devem ser ouvidas 35 testemunhas, 24 de defesa e 11 de acusação. Há também novas perícias de outros telefones e acessos à internet cujos resultados devem sair em breve, além de quebras de sigilo bancário. Além de Boldrini e Graciele, também têm envolvimento com a morte os irmãos Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz, amigos do casal. Os quatro foram denunciados pelo Ministério Público sob acusação de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

Na denúncia, o pai de Bernardo é considerado mentor do crime, e a mulher a executora. Suspeita-se de motivação financeira. Foi Edelvânia, em depoimento, que confessou que o garoto foi sedado e depois morto com uma injeção letal. Mas Graciele afirma que a morte de Bernardo foi um acidente e nega ter aplicado injeção nele. Disse que lhe deu calmantes demais durante uma viagem de carro e, ao perceber que ele não tinha pulso, escondeu seu corpo. A perícia feita na criança detectou a presença de um sedativo, mas, segundo a polícia, não era possível afirmar que a substância causou a morte.