30/10/2002 - 10:00
Treze anos depois de conclamar o empresariado nacional a abandonar o País em caso de vitória de Lula nas eleições de 1989, o empresário Mário Amato não repetiria a frase infeliz. Hoje, diz que, se convocado, até daria uma força ao governo petista. “Sou Brasil Futebol Clube.” Eleitor de Serra, o então presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) diz que Lula evoluiu muito. Apesar disso, muita coisa ainda separa o empresário do metalúrgico. Em comum, apenas o dia de aniversário: 27 de outubro, quando completará 84 anos.
Claro que não. O mundo evoluiu e o Lula também. Eu nunca tive nada pessoal contra ele. Temos até algo em comum: fazemos aniversário no mesmo dia, 27 de outubro. Em todo o contato que tive com o Lula, ele mostrou ser uma pessoa diligente, determinada. Sou brasileiro. Tudo que eu puder fazer para que o Brasil seja aquilo que todos nós queremos, seja Pedro, seja Paulo, eu vou colaborar. Ele já não me assusta mais.
Não. Eu votei no Serra. Agora, não quer dizer que eu farei uma oposição peçonhenta. Ao contrário, vou fazer todo o possível para que ele acerte.
Como consultor, se precisar. Eu sou Brasil Futebol Clube. Não voto nele por razões que não vale a pena explicar. Como presidente da Fiesp, construí 47 conjuntos educacionais e esportivos e ele nunca me prestigiou. O Senai, onde trabalhei por 40 anos, qualificou 33 milhões de brasileiros e ele também nunca prestigiou. Lula era um homem que acreditava que o bem só partia dele. Eu acho que não é assim, o bem parte de todos os lados.
Mudou, mudou bastante. Hoje ele é um homem mais aberto…
Vou usar uma frase de um grande banqueiro internacional:“O Brasil está nesse momento como um barco em uma tormenta. Então,o melhor a fazer é desligar o motor, abaixar as velas e esperar.” E nós vamos ter que esperar. Lula não pode fazer milagre, assim como os outros candidatos. As promessas que foram feitas não podem ser realizadas a curto prazo. E, democraticamente, terão que ter o seu tempo e o seu momento para ser feitas.
Pode. Mas nós temos que colaborar. O Brasil deu uma demonstração de democracia nessas eleições.
Eu temo, estou aflito. Mas também estou esperançoso de que ele se cerque de gente boa. Lula não pode governar só com a equipe dele. Ele tem que governar com um Brasil democrático, com esses Estados grandes que não são PT. Ele terá que navegar nesse mar difícil
e tumultuoso com muita maestria. Já mostrou isso como líder sindical. Queira Deus que ele faça isso como presidente.