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A organização de direitos humanos Anistia International divulgou um relatório em que acusa o governo do presidente da Síria, Bashar Al Assad, de cometer crimes contra a humanidade. Segundo o documento, as forças leais ao governo atacam civis sírios, principalmente na cidade de Alepo, a segunda maior do país e capital econômica síria. Nos últimos dias, a cidade foi alvo de violentos embates. 

Pelos dados do relatório, os conflitos em Alepo obrigaram 200 mil pessoas a abandonar suas casas. A avaliação da organização foi feita ao longo do mês de maio em Alepo. Para a Anistia Internacional, os responsáveis sírios devem ser julgados no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda. No relatório, a entidade apela também ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para garantir uma missão de vigilância dos direitos humanos.
 
"O ataque atual na cidade de Alepo coloca civis ainda mais em risco e segue o padrão preocupante de abusos cometidos por forças estatais em todo o país", disse a consultora sênior de Resposta para Crise da Anistia Internacional, Donatella Rovera.
De acordo com a Anistia Internacional, são frequentes os relatos de uso abusivo de força contra manifestantes pacíficos que acabam feridos e até mortos. Também há registros de presos torturados, ameaçados e intimidados durante a detenção.
 
"As manifestações pacíficas que eu testemunhei em diferentes partes da cidade, invariavelmente, terminaram com forças de segurança disparando munições verdadeiras contra os manifestantes pacíficos, tiroteios indiscriminados e muitas vezes provocam feridos e mortos”, disse Donatella Rovera.
 
A Anistia Internacional tem conseguido investigar de forma independentemente as denúncias de violações dos direitos humanos na Síria. "É evidente que o governo sírio não tem a intenção de acabar com esses crimes, muito menos de investigar. Na verdade, tentou evitar qualquer investigação independente sobre esses abusos graves em Alepo e em outras partes do país", disse Donatella Rovera.
 
Presidente acusa estrangeiros
 
O presidente sírio, Bashar Al Assad, disse nesta quarta-feira (1º) que há agentes internos que ajudam "inimigos estrangeiros a desestabilizar o país". Desde março de 2011, oposicionistas ao governo insistem na renúncia de Assad em defesa de mais liberdade política e do fim das violações de direitos humanos. A estimativa de organizações não governamentais é que mais de 19 mil pessoas tenham morrido na região devido à intensa onda de violência que vai completar 17 meses.
 
"As Forças Armadas travam uma batalha heroica e crucial, da qual depende o destino do nosso povo e da nossa nação, porque o inimigo está hoje entre nós, utilizando agentes internos como meio para desestabilizar a pátria, a segurança dos cidadãos e explorando os nossos recursos econômicos e científicos", disse Assad.
 
Ele discursou durante a revista do Exército, no 67º aniversário das Forças Armadas. Assad disse ainda que as Forças Armadas são o "escudo da pátria" contra "conspirações de bandos de criminosos e terroristas". “O Exército é motivo de orgulho e um defensor das causas justas”, sintetizou.
 
Segundo o presidente, o povo sírio provou não se deixa "domar" facilmente pelos "enredos" estrangeiros. "Quiseram confiscar do povo a decisão, mas foram surpreendidos por um povo orgulhoso que desafia seus planos”, ressaltou ele.