No centro de São Paulo, uma garota é seguida por um desconhecido de óculos espelhados. Juliana de Almeida Parker, uma hacker riquinha e fanática por escargôs, não sabe, mas aquele homem é um perigoso assassino. Longe dali, no Instituto de Ciências Quimiobiológicas da Universidade Paulista Autônoma, ou no jargão de seus frequentadores, no “Quibi” da “Upa”, uma partida de pingue-pongue é interrompida. Os bioquímicos Tomás Tavares e Tadeu Mori Morimoto estão sendo chamados para identificar uma toxina responsável por várias mortes suspeitas. São duas situações aparentemente desconexas, exceto por Juliana e Tomás serem namorados. Mas os fatos desencadearão uma série de coincidências que deixará a capital paulista sob o risco de ser riscada do mapa numa explosão nuclear.

Esta é a linha dorsal de A órbita dos caracóis (Cia. das Letras, 224 págs., R$ 28), novela infanto-juvenil de Reinaldo Moraes, autor de Abacaxi e Tanto faz, livros que fizeram cabeças nos anos 1980 ao lado de Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva, e Morangos mofados, de Caio Fernando Abreu. Há quase duas décadas sem publicar um romance, Moraes continua fiel ao estilo rico em citações e diálogos metalinguísticos entre autor e leitor. Qualidades que destacam o livro no meio da enxurrada de traduções e historinhas apoiadas em fórmulas desgastadas.